Hugo Brazão

Mãe, só que não!

21 ABR — 13 MAI 2022

Mãe, só que não – Hugo Brazão

Mãe, só que não!

Em resposta ao tema proposto pela Fundação Cecilia Zino, esta exposição reúne trabalhos produzidos pelo artista nos últimos dois anos e incluí também trabalhos produzidos especificamente para esta exposição.

A abordagem da ideia de refúgio e de adaptações feitas por nós para criar um espaço de conforto, aqui explorada de diversas formas, abre novas interpretações sobre a ideia de mãe para além da ideia de progenitor. Como conseguimos criar conforto onde não pensávamos ser possível? O uso de tecido em algumas peças ou o uso da cor noutros casos, reforça esta ideia ao pensar em diversas texturas e tonalidades.

O conjunto de três peças, Madre-de-água, Massa-mãe e Madre-de-louro, especificamente produzidas para esta exposição, respondem ao título proposto com três exemplos do uso do conceito de mãe para expressar certos comportamentos que ocorrem na hidrogeologia, na bioquímica e em micologia.

Madre-de-água, fonte, nascente. Local da superfície topográfica onde emerge, naturalmente, uma quantidade apreciável de água subterrânea. Estes locais representam descargas naturais dos aquíferos que alimentam normalmente os cursos de água, podendo eventualmente ser utilizadas para consumo humano, rega, etc. Origem, pureza, fertilidade, abundância.

Massa-mãe, massa fermentada através de lactobacilos e leveduras presentes naturalmente no ambiente e nos grãos do cereal do qual a farinha foi feita. Naturalmente aumenta o número de bactérias benéficas no sistema digestivo, regula os níveis de açúcar no sangue, promove maior absorção de minerais e outros nutrientes e alimenta. Reproduz, melhora, alimenta.

Madre-de-louro, Laurobasidium laurii, tipo de fungo extremamente raro que cresce em árvores de louro. Místico, divino, raro, que cura. Ingerir um pequeno cálice, para dores de barriga e má disposição, de uma infusão em aguardente preparada com este fungo, botões de macela (ou camomila) e caninha (Cymbopogon citratus). Às mulheres, em período de pós-parto, é também dado um cálice pequeno de uma infusão em aguardente com alfavaca (Parietaria judaica), sempre-noiva (Polygonum aviculare), canela-branca (Peperomia galioides) e madre-louro.

Planta da Galeria da Fundação Cecilia Zino

1

Louro

Jesmonite, pigmentos e tinta de óleo

2022

2

Massa

Jesmonite, pigmentos e tinta de óleo

2022

3

Água

Jesmonite, pigmentos e tinta de óleo

2022

4

Cat did it! 1

Algodão tingido à mão

2021

5

Cat did it! 2

Jesmonite e pigmentos

2021

6

Cat did it! 3

Algodão tingido à mão

2021

7

Homo-branchia

Jesmonite e pigmentos

2021

8

Fish Tank

Algodão, linho, lã e tinta acrílica

2020

9

Hikidashi Baku

Jasmonite, algodão

2020

10

Drawing of a sleeping man

Jesmonite e pigmentos

2020

11

Massa-mãe

Jesmonite, pigmentos e tinta de óleo

2022

Hugo Brazão

Hugo Brazão

Hugo Brazão (1989, Madeira) vive e trabalha em Londres. A sua prática artística envolve pintura, escultura e trabalho em têxtil e desenvolve-se a partir do paradoxo ficção/realidade, reimaginando o material encontrado na sua pesquisa, criando diferentes narrativas em sua volta e procurando novas soluções técnicas para cada projeto. Brazão recebeu o VIA Arts Prize em 2018 em Londres, o Helen Scott Lidgett Studio Award em 2015 e participa regularmente em residências de arte internacionais. Completou o Mestrado em Fine Arts na Central Saint Martins (Londres, 2015) e licenciatura em pintura na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa (2013). Exposições individuais recentes incluem Out of sight, out of mind (2020) na galeria Balcony em Lisboa, Best foot backwards (2019) na Sala Brasil da embaixada do Brasil em Londres e TAKE TEN (2019) no espaço do projeto Las Palmas em Lisboa. Tem também participado em diversas exposições coletivas entre Portugal e o Reino Unido.

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